Rio Grande do Sul | Movimento indígena denuncia demolição de aldeia por órgão federal durante enchente no RS
Denunciam que o acampamento guarani Pekuruty em Eldorado do Sul (RS) foi demolido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), ligado ao Governo Federal, que disputa o território para duplicar a BR-290. Destruíram moradias, a escola indígena e outras estruturas enquanto a comunidade se alojava emergencialmente da enchente em uma escola do município.
O estado do Rio Grande do Sul vem sofrendo com chuvas e enchentes históricas, fenômenos climáticos extremos que são o resultado das rápidas mudanças climáticas provocadas pela destrutividade do capitalismo, uma situação que se torna catastrófica diante da negligência dos governos em realizar investimentos e tomar medidas preventivas, mesmo após a enchente anterior e os amplos estudos que anteciparam esse cenário.
Em Eldorado do Sul, enquanto a comunidade guarani Pekuruty era evacuada de sua aldeia e enviada para se abrigar em uma escola do município, o órgão de obras rodoviárias do Governo Federal tomou a oportunidade para demolir a aldeia e avançar com seu projeto de duplicação da BR-290. Denunciam que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), ligado ao Ministério dos Transportes do governo Lula-Alckmin, destruiu moradias, a escola indígena e outras estruturas sem o consentimento da comunidade, que batalha junto a outras cinco comunidades guaranis pela suspensão da licença das obras no IBAMA até que as medidas de redução de impactos sobre as aldeias fossem efetivadas.
Um absurdo como esse escancara a demagogia do governo petista, assim como a do PSOL ao integrar a frente ampla através do próprio Ministério dos Povos Indígenas. Se para vencer as eleições prometeram aos povos indígenas a defesa de seus direitos, agora fortalecem politica e economicamente a direita e o agronegócio reacionário que, além de um Plano Safra recorde de 340 bilhões, acaba de aprovar o Marco Temporal no Congresso.
Após o pesadelo dos anos de Bolsonaro, lideranças indígenas de peso da política nacional, como Davi Kopenawa, Cacique Raoni e Daniel Munduruku, já denunciam que a conciliação de classes do PT não responde à crise estrutural dos povos originários. É necessária uma luta independente, que não confie nas instituições desse regime político degradado, começando pela exigência às grandes centrais sindicais e entidades estudantis que se mobilizem urgentemente em defesa dos povos originários. Somente nossa unidade, de indígenas, trabalhadores e estudantes pode garantir que sejam garantidos os direitos básicos, além de investigações independentes para apurar os crimes, expropriar o garimpo e o extrativismo e garantir a demarcação imediata das Terras Indígenas, rumo a uma reforma agrária radical. Justamente o oposto do que vem apontando a conciliação de classes da frente ampla de Lula e do PSOL com a direita.
Diante da catástrofe que segue no Rio Grande do Sul nos próximos dias, diversas ações de solidariedade estão sendo organizadas pelo estado, o que precisa se aprofundar, assim como também é preciso erguer um plano de emergência para resgatar as pessoas e garantir abrigo para todas, indenizações para as famílias atingidas e um plano de obras públicas que recupere as moradias. Para isso, é preciso lutar pela ruptura com os mecanismos de ajuste fiscal como o Arcabouço Fiscal do governo Lula/Alckmin e o Regime de Recuperação Fiscal do governo Leite, que priorizam o pagamento de uma dívida pública fraudulenta aos bancos e impõem cortes orçamentários bilionários. Lutemos pelo confisco dos bens dos grandes sonegadores gaúchos para liberar recursos imediatos para reconstruir as cidades e infraestruturas. Se o capitalismo destrói a natureza, destruamos o capitalismo.
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